Recordo-me das primeiras impressões que retive ao vê-la pela
primeira vez. Não se afastavam muito da pessoa que é, mas com todos estes anos
fui tendo oportunidade de aprofundar as ligeiras ideias que criei e de conhecer
um outro lado bastante distinto. Facilmente a caraterizamos como uma pessoa
simpática e sorridente que abraça ou acaricia muitas das pessoas por quem passa
na rua. Uma pessoa inconfundível que é conhecida por todos, não sei se por ser
a única a dar bolo e café nas reuniões de turma se por ser sempre a última a
chegar à escola no seu famoso carro branco, aberto para todos.
Tem um andar elegante e ligeiramente apressado, talvez por estar quase
sempre atrasada para aquilo que tem realmente de fazer. Tem uma postura
confiante e uma forma de se expressar que raramente deixa margem para dúvidas
de compreensão. Os seus olhos mostram parte de uma busca incansável pelo saber,
pelo descobrir. O seu cabelo só anda atado nos piores dias, nos restantes
mantém-se altivo e com o volume certo. A sua voz aguda, que temi em vários
momentos, acaba por nos ensinar sempre alguma coisa, nem que seja a detestá-la
por momentos pela intensidade com que é capaz de sensibilizar ou irritar, fazer
chorar ou pensar. Diz ser incapaz de muitas coisas que a imaginaria sem medo
algum a fazer, o que contradiz a confiança e o espírito de iniciativa que gosta
de transmitir. É exigente e rigorosa no que faz ou propõe fazer, o que nos
deixa a nós, alunos, a querer dar o nosso melhor e acabar a dispensar mais
tempo num trabalho do que queríamos. As suas formas redondas não lhe tiram de
modo algum beleza, aliás, não seria a mesma sem elas.
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