São várias as superfícies espelhadas onde paro para me olhar e procurar um reflexo que faça o
castanho dos meus olhos e a marca do meu sorriso falarem por si só e não deixem
a minha boca mentir quando diz que sou feliz. Que não me deixem também cair na
insignificância de um olhar vazio e de um movimento facial forçado, que não diz
mais do que uma fraca desistência que não nasci para assumir. Em todos eles,
vejo uma pessoa de pequena estatura, mas nem por isso uma pequena nos sonhos e
nas vontades. Deparo-me com um corpo e uma alma jovens que procuram um lugar,
sem quererem passar, de modo algum, despercebidos.
Quando olho para mim, seja através de um reflexo ou no íntimo de
um pensamento, vejo, para além da rapariga de quinze anos que sou, a criança
que fui e a adulta que serei, com vários traços definidos. Uma parte de cabelo
de forma espiral que todos dizem ser um remoinho e que desde sempre me fez ter
franja só em metade da testa, juntamente com um risco desalinhado e um cabelo
que não me preocupo em pentear. Uns olhos, talvez banais, que se envolvem
diariamente numa busca de sentido, focando ou desfocando, colocando em primeiro
plano aquilo que os fizer realmente brilhar. Uma face, por vezes corada e
quente, que teme toques intensos, aos quais se torne impossível ficar
indiferente. Uma boca, que por falar de mais, nem sempre transmite de forma
perspicaz e convicta o que quero realmente dizer. E com todas as caraterísticas
bem definidas estão aquelas ainda por definir, bem como as conquistas por
fazer, os objetivos por cumprir.
Adoro*
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